Com duração de onze minutos, esta instalação propõe um diálogo sensível entre uma composição musical de Neo Muyanga e duas projeções em vídeo criadas por Bianca Turner. O ambiente é ocupado por dois canais de vídeo exibindo simultaneamente a mesma imagem: uma na parede frontal e outra no chão da sala. Esta última versão é uma reelaboração da gravação original, agora refletida sobre uma superfície aquática, criando um efeito visual imersivo. Tudo acontece em sincronia com uma instalação sonora quadrifônica, onde o som do piano emana dos quatro cantos do espaço, envolvendo o público.
A obra parte de cartografias desenhadas por membros da Comissão de Demarcação no final do século XVIII. A partir dessas referências, Turner utilizou imagens atuais do Google Maps para investigar alguns dos rios mais emblemáticos do território brasileiro. Seu foco está na trajetória histórica de ocupação territorial que se iniciou no litoral e avança, até os dias atuais, em direção ao interior do país – culminando em uma disputa intensa e contínua pelas terras da Floresta Amazônica. A instalação convida à reflexão sobre essas camadas temporais e políticas inscritas na paisagem brasileira.